Meu erro ao investir em Meliuz (CASH3)
Expectativa: multiplicar o capital investido por 10x. Realidade: perda de 85%
Investidor em Valor,
Hoje vou compartilhar a história do meu investimento mal sucedido em CASH3 (Meliuz).
A Expectativa:
Durante a pandemia, só se falava de ações tech, porque elas estavam crescendo de forma acelerada. Eram as ações da moda, tanto nos EUA quanto no Brasil. O futuro parecia ter chegado.
Várias com este perfil estavam fazendo IPO na B3. A maioria não gerava caixa e parecia bastante aquela situação de enfeitar a noiva para vender no IPO. E era uma noiva mais feia que a outra…
Mas Meliuz parecia a noiva mais bonita do pedaço (ou talvez a menos feia?).
A empresa tinha uma boa imagem no meio tech e os funcionários adoravam trabalhar lá, segundo o rating do site Glassdoor. Cultura forte. Isso é muito importante para uma empresa tech de alto crescimento.
O management (fundadores) da empresa não vendeu uma ação sequer no IPO, um claro sinal de que confiavam que o negócio ainda ia crescer muito.
Não era uma festa de queimar caixa, como acontecia em muitas outras techs brasileiras que vieram a mercado na mesma época. O negócio já estava provado. Então precisava pisar no acelerador para crescer mais.
Cashback parecia um modelo de negócio inovador e muito escalável. Iria surfar a onda de crescimento do e-commerce, muito na moda nesta época.
Além disso, também abriram um braço de fintech começando com cartões de crédito (talvez inspirados pelo sucesso do Nubank), outro setor da moda e aparentemente muito promissor. E ainda compraram o Banco Acesso, rebatizado de Bankly, para fazer Bank as a Service (Baas), um negócio bastante promissor.
Com o capital levantado no IPO, compraram vários outros negócios, todos eles muito promissores e escaláveis. Havia várias avenidas de crescimento. Então caso o modelo tradicional de cashback não desse certo por algum motivo, ainda assim algum dos negócios adquiridos poderia crescer muito e carregar toda a Meliuz para cima, como acontece muito nos fundos de venture capital, onde a grande porrada vem de 1-2 investimentos dentre muitos do portfólio.
O mercado começou a comprar a ideia de que a Meliuz poderia ser um novo Banco Inter. As ações do Banco Inter tinham multiplicado por ~30x em 3 anos. Um baita retorno. Parecia que seria um repeteco.
Havia um sentimento de que a Meliuz poderia ser alvo de aquisição por um varejista ou banco ou tech company.
A Meliuz tinha concorrentes globais de sucesso (EUA, Europa, China), avaliados por números astronômicos.
Meliuz tinha mais usuários ativos que o Banco Inter e valia na bolsa 1/10 do Banco Inter. Parecia uma distorção bem clara. Bastava amadurecer a monetização dos usuários que a ação se multiplicaria por 10x. Elementar meu caro Watson.
Como o negócio tinha um potencial de crescimento explosivo, não cabia fazer valuation usando métricas tradicionais. Então o que fazia mais sentido era usar uma abordagem de fundo de venture capital. Olhar os unit economics, tamanho do mercado endereçável, taxa de crescimento, time e cultura.
A Realidade: