Papo de Valor com David Gotlib (Acertar na Mosca)
Multiplicou por 12x o Capital Investido versus 3x do S&P 500 em 8 Anos
Investidor em Valor,
No Papo de Valor de hoje, tive a honra de conversar com um investidor com décadas de mercado e que foi um dos fundadores do primeiro hedge fund no Brasil:
David Gotlib
Vamos conhecer essa fera?
David atualmente é gestor da carteira própria e autor do blog Acertar na Mosca, onde, desde 2011, divulga diariamente seus pensamentos sobre a economia global e o mercado financeiro. O Mosca já acumulou mais de 3.000 publicações e foi consultado por mais de 850.000 leitores no Brasil, Estados Unidos e Europa.
Em quase 8 anos, de jan/16 a set/24, a carteira de David gerou um retorno em USD de 1067.37% no período, enquanto o S&P 500 gerou um retorno de apenas 179.53%.
Em 2024, a performance acumulada está em +24.29% em USD.
Ele é uma máquina de gerar valor.
IV: David, poderia falar um pouco sobre você?
DG: Tenho uma longa carreira no mercado financeiro, mais de 45 anos. Quando comecei, não existiam microcomputadores, Bloomberg, e muito menos celulares ou WhatsApp.
Naquela época, quem sabia fazer contas tinha uma vantagem enorme, razão pela qual os bancos procuravam engenheiros.
IV: Poderia contar um pouco mais sobre sua formação acadêmica e como foi parar no mercado financeiro?
DG: Eu me formei em Engenharia de Produção pela USP e, naturalmente, fui trabalhar numa fábrica logo após formado. Certo dia, um amigo de faculdade que trabalhava no Banco Francês e Brasileiro me disse que estavam procurando engenheiros e perguntou se eu gostaria de fazer uma entrevista.
Em certo momento da conversa, meu futuro chefe perguntou: "O que você entende de banco?" Fui honesto e disse: "Não entendo nada, mas tenho uma curiosidade enorme em saber como se ganha dinheiro."
Fui contratado e nunca mais saí do mercado; encaro o mercado como "cocaína financeira" — vicia e não se consegue largar! Hahaha...
IV: Como foi participar da criação do primeiro hedge fund brasileiro nos anos 90?
DG: A Linear foi uma startup da época. A ideia surgiu de uma viagem que fiz aos EUA. A Fidelity Investments me inspirou a criar algo semelhante aqui. Eu já tinha relação com meus ex-sócios: Ibrahim Eris, Luis Paulo Rosenberg e Emir Capez, e propus nos juntarmos para criar o primeiro Hedge Fund do Brasil em 1993. A asset chegou a ter USD 1 bi sob gestão.
Após a Linear, entre 1999 e 2002, fui Managing Director do Deutsche Bank Asset Management, coordenando a gestão de fundos num total de R$ 2.2 bilhões até a venda da empresa para o Bradesco.
IV: Considerando o enorme volume de emissão de moeda desde 2008, depreciando o dólar, onde investir para manter o poder de compra?
DG: O volume elevado de moeda desde 2008 criou inúmeras distorções nos mercados, principalmente nos juros. Nesse ponto, o dólar é sempre o candidato a esse questionamento. Não tenho uma visão negativa sobre a moeda americana por diversos motivos, sendo os principais: ainda é disparado a principal moeda de troca; e o volume de títulos existentes comparado com outras moedas (euro, iene etc.) ainda o coloca como preferência lógica em portfolios.
Ficaria preocupado com o dólar se houvesse, por exemplo, um aumento da inflação ocasionada por barbeiragem (ou ação política) que levasse a uma desvalorização acelerada da moeda. Nesse caso, o ouro seria o refúgio natural, e talvez o Bitcoin.
Sobre este último, sou cético em enquadrá-lo como qualquer coisa: moeda, refúgio etc. Para mim, são apenas bits, como se fosse um título perpétuo sem cupom, que precisa cada dia de mais adeptos para se valorizar. Por enquanto, serve como "moeda" para operações escusas ou fuga em países onde a moeda está em queda livre.
IV: Qual é a sua estratégia para ganhar dinheiro no mercado financeiro?